Imprimir esta página

Conheça a capital federal

A solenidade e a leveza dos palácios brancos, emoldurados por enormes faixas verdes e por um céu estonteante. A liberdade dos espaços abertos, a arquitetura futurista e sinuosa de Oscar Niemeyer, o paisagismo inspirador de Burle Marx. O traçado urbanístico revolucionário de Lucio Costa, com amplas avenidas que nunca se cruzam, superquadras que inventam um jeito único de morar e uma qualidade de vida surpreendente. Mais do que um marco da arquitetura e do urbanismo contemporâneos, Brasília é um impacto, uma sedução.

 

A cidade que foi planejada e construída a partir do nada encantou o mundo e virou Patrimônio Cultural da Humanidade aos 27 anos de idade. Cinquentona, respira liberdade e democracia. É uma festa para os olhos, uma galeria de arte a céu aberto. A proximidade com o poder, os edifícios monumentais, os símbolos máximos dos três Poderes da República inspiram respeito e sentimento cívico. A facilidade da rotina diária e a serenidade dos espaços gramados e arborizados acenam para uma vida tranquila e harmoniosa, muito diferente da agitação das grandes cidades.

 

Em Brasília, as ruas não têm nomes, os endereços são indicados por números e letras, e tesourinhas são retornos em formato de trevo. A vida gira ao redor do Eixo Rodoviário e do Eixo Monumental, os dois grandes eixos que cortam a cidade no sinal da cruz que inspirou o projeto do Plano Piloto. Um símbolo de conquista, de um sonho transformado em realidade graças ao idealismo de Juscelino Kubitschek, à genialidade de Lucio Costa e Oscar Niemeyer, à obstinação de Israel Pinheiro e ao suor de milhares e milhares de operários anônimos que vieram de todo o país para erguer a nova capital em meio à poeira vermelha do cerrado.

 

Plantar uma cidade inteira em pleno coração do Brasil chegou a ser considerada uma utopia, uma promessa ambiciosa e demagógica de campanha. Mas o presidente que prometeu fazer cinquenta anos em cinco entregou Brasília em menos de quatro anos. A conta foi salgada: o projeto de interiorização da capital, previsto desde a Constituição de 1891, estourou as contas do governo, engordou a dívida externa e impulsionou a inflação. Custos e benefícios na balança, o país saiu lucrando com um projeto aclamado no mundo todo, um polo irradiador de desenvolvimento e da tão sonhada integração nacional. O Brasil ficou maior: saiu do litoral e ganhou o interior.

 

Se as curvas de Niemeyer, a horizontalidade das edificações, as áreas verdes e os extensos vazios chamam atenção de quem visita Brasília pela primeira vez, é no contato com a sua gente – os brasilienses ou os candangos, como foram apelidados os pioneiros da cidade – que o espírito da capital se revela com mais clareza. Aqui, todos os sotaques, todos os sabores, todas as religiões e todas as culturas convivem em harmonia. Brasília é de nordestinos, gaúchos, mineiros, cariocas, paulistas, goianos, de todos os brasileiros. Nasceu e cresceu misturada, com filhos adotivos de toda parte.

 

Mas as primeiras gerações de Brasília, aclamada como "cidade do futuro" pelo arquiteto japonês Kenzo Tange, e como "capital da esperança" por André Malraux, já deixaram sua marca nessa cidade de concreto e verde. A capital administrativa e política do Brasil virou a "capital do rock" com a Legião Urbana, a Plebe Rude, os Paralamas do Sucesso e tantas outras bandas que marcaram época na década de 1980. Mergulhou no chorinho e no hip hop, celebrou o Parque da Cidade como ponto de encontro de todas as galeras e o hábito de brincar, namorar e jogar bola debaixo dos blocos. Na falta do mar, o Lago Paranoá refresca os dias mais secos e ensolarados. E as longas faixas arborizadas, espalhadas por toda a cidade, são um convite para caminhar ou andar de bicicleta.

 

É verdade que a realidade social falou mais alto e ofuscou o sonho de igualdade que embalou a criação da cidade. As superquadras hoje abrigam a classe média e os Lagos Sul e Norte as famílias mais abastadas; os menos favorecidos foram empurrados para as cidades- satélites, que cresceram de forma desordenada. O Plano Piloto concentra a maioria dos serviços públicos, dos empregos e dos investimentos, embora abrigue apenas 9,6% da população do Distrito Federal. A renda per capita é das mais altas do país – pelos dados de 2006, era de 37,6 mil reais, contra 12,7 mil na média nacional –, mas a desigualdade social é crescente.

 

Incluindo todas as regiões administrativas do Distrito Federal são 2,56 milhões de habitantes (censo 2010 do IBGE). Brasília já se vê às voltas com problemas típicos dos grandes centros urbanos, como violência, corrupção, falta de estacionamentos e congestionamentos no trânsito. As agressões ao projeto original de Lucio Costa dividem opiniões e acendem o debate sobre a preservação do Plano Piloto. Mas Brasília foi e sempre será uma cidade única. E o mesmo espírito inovador que moveu a sua construção promete agora enfrentar, com pulso forte, os novos desafios que se apresentam.

 

Atrações

Fonte: Museu Virtual de Brasília

Lido 3087 vezes Última modificação em Segunda, 13 Outubro 2014 11:18